ESTRUTURALISMO, FUNCIONALISMO E ASSOCIACIONISMO - PSICOLOGIA
Em psicologia, o Estruturalismo, o Funcionalismo e o Associacionismo representam as primeiras tentativas formais de estabelecer a psicologia como uma ciência independente da filosofia.
Cada uma dessas escolas de pensamento ofereceu uma perspectiva distinta sobre a natureza da mente e como ela deveria ser estudada.
Estruturalismo
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Definição: O Estruturalismo foi a primeira escola formal de pensamento na psicologia, surgindo na Alemanha no final do século XIX com Wilhelm Wundt e seu aluno Edward Titchener nos Estados Unidos. Seu objetivo principal era analisar a estrutura da mente consciente através da identificação de seus elementos básicos e como esses elementos se combinavam para formar a experiência consciente.
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Conceitos Chave:
- Consciência: O foco principal do Estruturalismo era a experiência consciente imediata do indivíduo.
- Elementos da Consciência: Acreditava-se que a consciência poderia ser decomposta em três tipos de elementos básicos:
- Sensações: Elementos básicos da percepção, como o calor, o frio, o gosto, o som.
- Imagens: Elementos de ideias ou memórias, não presentes no momento.
- Sentimentos: Componentes emocionais da experiência.
- Introspecção: O método primário de investigação era a introspecção analítica ou experimental. Sujeitos treinados descreviam detalhadamente suas experiências sensoriais e perceptivas em resposta a estímulos controlados. O objetivo era quebrar a experiência em seus componentes mais básicos.
- Química Mental: Wundt e Titchener viam a mente como uma espécie de "química mental", onde os elementos básicos se combinavam de acordo com certas leis para formar experiências mais complexas. O objetivo era descobrir essas leis de combinação.
Funcionalismo
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Definição: O Funcionalismo surgiu nos Estados Unidos no final do século XIX e início do século XX como uma reação ao Estruturalismo. Seus principais proponentes foram William James, John Dewey e James Rowland Angell. Em vez de se concentrar na estrutura da mente, o Funcionalismo enfatizava a função ou o propósito dos processos mentais e como eles ajudam os organismos a se adaptar ao seu ambiente.
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Conceitos Chave:
- Função da Mente: A pergunta central não era "o que é a mente?", mas sim "para que serve a mente?". Os funcionalistas estavam interessados em entender como os processos mentais (como percepção, memória, pensamento e emoção) operam para permitir que os indivíduos sobrevivam e prosperem.
- Adaptação: Influenciados pela teoria da evolução de Darwin, os funcionalistas viam os processos mentais como tendo se desenvolvido porque eram adaptativos.
- Fluxo de Consciência: William James descreveu a consciência como um fluxo contínuo e dinâmico, em vez de um conjunto de elementos estáticos. A tentativa de dividi-la em partes separadas (como faziam os estruturalistas) era considerada artificial e perdia a essência da experiência.
- Hábito: Os funcionalistas também se interessavam pelo estudo dos hábitos, vendo-os como processos que tornam o comportamento mais eficiente e automático.
- Aplicações Práticas: O Funcionalismo tinha uma forte inclinação para a aplicação prática da psicologia em áreas como a educação, a psicologia infantil e o tratamento de distúrbios mentais.
- Métodos Diversificados: Ao contrário da ênfase quase exclusiva na introspecção pelo Estruturalismo, o Funcionalismo utilizava uma variedade de métodos, incluindo a introspecção, a observação do comportamento, estudos fisiológicos e testes mentais.
Associacionismo
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Definição: O Associacionismo é uma escola de pensamento que explica os processos mentais (aprendizagem, memória, pensamento) como resultantes da formação de associações ou conexões entre ideias, sensações ou eventos. Suas raízes filosóficas remontam aos empiristas britânicos como John Locke e David Hume, mas ganhou força como uma teoria psicológica com figuras como Hermann Ebbinghaus e Edward Thorndike.
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Conceitos Chave:
- Associação: O conceito fundamental é que a experiência mental é construída a partir de elementos básicos (sensações ou ideias simples) que se conectam ou se associam uns aos outros.
- Princípios de Associação: Os associacionistas propuseram vários princípios que governam como as associações são formadas:
- Contiguidade: Ideias ou eventos que ocorrem juntos no tempo ou no espaço tendem a ser associados.
- Semelhança: Ideias ou eventos que são semelhantes tendem a ser associados.
- Contraste: Ideias ou eventos que são opostos tendem a ser associados (embora este princípio seja menos enfatizado por alguns).
- Frequência: Quanto mais frequentemente duas coisas ocorrem juntas, mais forte será a associação entre elas.
- Recência: Associações formadas mais recentemente tendem a ser mais fortes.
- Aprendizagem: O Associacionismo forneceu uma base para entender a aprendizagem como a formação de novas associações entre estímulos e respostas (como no condicionamento) ou entre ideias.
- Memória: A memória era vista como uma rede de associações. A recordação envolvia a ativação de uma parte da rede que levava à ativação de outras partes associadas.
- Estudos Experimentais: Figuras como Ebbinghaus realizaram estudos pioneiros sobre a memória usando sílabas sem sentido para isolar o processo de associação. Thorndike estudou a aprendizagem por tentativa e erro em animais, formulando leis da aprendizagem baseadas na formação de associações (como a Lei do Efeito).
Em resumo:
- O Estruturalismo buscava decompor a mente em seus componentes básicos através da introspecção.
- O Funcionalismo focava no propósito e na função dos processos mentais na adaptação ao ambiente, utilizando uma variedade de métodos.
- O Associacionismo explicava a aprendizagem e a formação de ideias complexas através da conexão de elementos mentais mais simples com base em princípios de associação, com forte ênfase no estudo do comportamento observável na aprendizagem.
Embora essas três escolas de pensamento tenham sido eventualmente superadas por abordagens mais modernas, elas foram cruciais para o desenvolvimento da psicologia como ciência, influenciando as teorias e os métodos que vieram depois, incluindo o Behaviorismo e a Psicologia Cognitiva.
Professor e Psicanalista
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